Conservadoramente liberal

Aproveitar que eu voltei pra cá e.... vou colocar um texto que eu fiz enquanto eu estava na França, em um momento super "BadVibe" - e ele me colocou para cima. É um desabafo, é um projeto, é um pro-tó-ti-po.

Para os que não sabem (come on, guys! open your eyes), eu namoro já tem um tempo com um ser maravilhoso de nome Ana Carolina... e aceitar isso pode ser muito fácil e natural para algumas pessoas, mas no meu caso foi um caminho complicado. É um relato resumido do que eu senti e vivi, ainda em construção.
Cheers, hot! ;)

" 'Conservadoramente liberal' – foi como um amigo definiu a cidade de Amsterdan quando disse que pretendia me mudar para a Holanda e seguir meu projeto de pesquisa. Para quem não sabe, o pequeno pedaço de terra que Amsterdan ocupa é dividido entre cafés (lugares onde fuma-se haxixe legalmente), pubs, igrejas católicas, museus, canais, sex shops, mulheres nuas em vitrines e igrejas protestantes.

Disso nasceu a conversa: como podemos ser assim tão liberais e ao mesmo tempo tão conservadores? Parece antagônico, mas é mais comum do que se imagina: a grande maioria dos homossexuais passa por um momento de conflito muito grande, onde todos os alicerces da nossa criação são abalados por certezas inesperadas.

É o que você sempre viu, ouviu e aprendeu contra o que você sabe agora; e esses elementos simplesmente não se encaixam, não importa o quanto você tente.

Não digo que todos passam por isso, mas falo pelas pessoas que conheço que já passaram por essa situação e por mim mesma, que, de repente, me vi apaixonada por uma menina. Não que eu nunca tivesse tido contato, não que ignorasse a existência – mas foi diferente, é diferente. Sempre tentei dar o maior apoio aos meus amigos, sempre acreditei na igualdade de sentimentos e que sim, amor é amor, não importa por quem nós o sentimos.

“Eu imagino que deva ser difícil, mas vá em frente! Se é o que você quer, estarei sempre do seu lado.”

Nunca foi difícil para mim dizer (e aplicar) isso quando tratava-se da vida de amigos.

Mas...quando eu a vi pela primeira vez, eu senti uma coisa estranha. Um jeito marrento de andar, curvada para frente, olhando hora para baixo, hora para os lados - foi sintonia completa, uma sensação de conforto; ela namorava e eu também. E a partir de então eu a via sempre, todos os dias... mas de uma maneira ou de outra eu acabava sempre me convencendo de que aquilo que eu estava sentindo não passava de amizade, por mais novo que me parecesse.

Pouco tempo depois, namoros terminados, “ficamos juntas”. Entre aspas pois eu nunca estive realmente com ela por medo de me assumir – não apenas para o mundo, mas para comigo mesma. Filha única por parte de mãe, caçula por parte de pai, neta única, sobrinha única... Dormia na casa da minha avó rezando todo dia depois de a luz ser apagada; aprendi que as minorias mereciam o respeito que não tinham na maior parcela do tempo; aprendi piadas de loiras, gays e negros; aprendi a me portar como uma dama e sempre fazer o que as pessoas esperavam de mim; aprendi que a hipocrisia é feia; que o ser humano é omisso. Percebi a contradição na minha educação familiar.

Aprendi, pouco a pouco, que tudo o que a minha família pregava era posto de lado depois de alguns cálices de vinho a mais.

Quando me apaixonei por ela, eu vi: eu estava apaixonada, mas não me deixava levar o sentimento para frente. Eu gostava dela, eu queria dizer isso a ela, mas... não conseguia. Eu sentia que não seria certo – batia com o que eu acreditava em relação a mim, batia com os planos que as pessoas haviam criado para mim; batia com o que EU havia bolado para mim.

Quatro anos depois, a ex da amiga que nos apresentou me disse “Para sair do armário você tem de entrar nele antes”. Ela me falou isso depois de eu falar o meu lado de tudo o que tinha acontecido (que, obviamente, resultou em muitos problemas) e como eu me sentia sobre isso (nesse ponto eu namorava de novo, mas já com a menina-mulher que estou até hoje).

Eu já havia me dado conta do tanto que eu havia feito aquela minha primeira paixão sofrer, mas nunca havia me dado conta de que isso havia sido necessário para mim; eu precisava disso para me dar conta de que sim, eu gosto de meninas! Eu as amo, que mal há no fato de eu quebrar meus velhos paradigmas e amar alguém, não importando quem seja? Por quê eu não posso aplicar na minha vida as coisas que eu sempre acreditei e mandei os meus amigos aplicarem?

“Casa de ferreiro, espeto de pau.”

Todo dia é uma luta nova – tentar reinventar conceitos infiltrados em mim desde que me entendo por gente – e não adianta: é sempre um passo de cada vez.

Eu não preciso me livrar de tudo que aprendi, mas às vezes o confronto é muito direto, de uma maneira que pode me derrubar (muitas vezes no sentido literal da palavra); aprendi que o segredo é ter paciência, não apenas com os outros, mas comigo. Se aceitar muitas vezes é muito mais trabalhoso do que fazer com que as pessoas nos aceitem.

Hoje em dia, eu tenho minha namorada, minha menina-mulher. Eu a amo e sei disso. Eu sei tudo que eu quero com ela, mas quando eu menos espero, acabo me dando conta de que estou em crise de aceitação (sim, ainda) – e ela tem a paciência de me dizer para ter paciência ; a crise passa e eu vejo tudo claramente. Vejo que todos nós temos graus de preconceitos e é nosso papel tentar nos despir deles, não importa o quão arraigados eles estejam em nós. Vejo que para que as pessoas me aceitem e vejam o meu lado, EU preciso fazer isso antes.

Eu era super aberta a todo tipo de pessoa, desde que não se referisse a mim – aonde está o sentido? Como eu poderia ser conservadora para comigo mesma e liberal para com todos os outros que amo?

Só que eu era. Eu sou. E muitos de nós são e, muitas vezes, não nos damos conta disso, pois é mais normal do que imaginamos.

O que me ajudou a tentar melhorar foi quando um amigo disse “Permita-se”. Então eu venho aqui tentar, por meio da minha história, tentar ajudar alguém que sinta-se da mesma maneira... e dizer, simplesmente: permita-se."

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Não esqueci do blog!

Apenas tive coisas muito mais urgentes para lidar - a bem da verdade, elas não diminuíram, mas retomei o blog como a minha atividade "relax" paralela (por mais que eu esteja fazendo além da faculdade e da monitoria, um curso à distância de 80 hrs/mês). ;)

ok, não sei se alguém já ouviu falar, mas esse é o blog de uma amiga minha, a Nath (que eu conheço há anos), que desenvolveu um projeto pessoal de auto-cuidado FANTÁSTICO. Vale a pena conferir!
( beijos, querida. saudades das nossas tardes na praia de Ipanema, jo-gan-do-se nas fotos!)

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Babe, I'm back! ;)
Cheers, HOT!

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