sábado, 8 de agosto de 2009

Psicoterapia

Normalmente, quando eu falo para as pessoas que elas precisam de terapia, elas quase me esganam. Mal sabem elas que essa temida terapia faz parte do meu cotidiano desde que eu nasci - e eu lido com ela da mesma maneira como lido com tratamentos médicos tais como ginecológicos ou cardíacos.

As pessoas ainda tem muito preconceito para com a terapia, e eu não as culpo; a mente humana é muito complicada, até mesmo para o dono de uma mente específica. Se pararmos para pensar, a terapia nada mais é do que uma tentativa de se entender, e, assim, modificar-se (positivamente, é claro). Agora fala isso pra uma pessoa desavisada. Fale para ela que ela vai ter de sentar em um divã/cadeira/almofada e abrir-se com um estranho, contar a ele os seus maiores medos e segredos e, ESPECIALMENTE, aquilo que ela não conta nem mesmo à sua sombra, no banho, de luz apagada.

Aí entra muito ponto: muitas pessoas fazem terapia e depois de dois, três meses a abandonam, alegando que ela não serve para nada. O engraçado é que, ao conversar com terapeutas (não que eles digam o que foi conversado durante a sessão, é claro), eles dizem que essas pessoas são justamente as que recusaram-se a falar do que, aparentemente, era o problema central de um determinado comportamente ou pensamento. NÃO HÁ como o terapeuta entrar em seu cérebro, muito menos em apenas 8 semanas de conversa, e se dar conta de todos os problemas e fatos que decorreram naquela neurotiquice que você tem com xampus. As pessoas não se abrem e, fatalmente, aniquilam quaisquer chances de a terapia resultar em algo positivo.

Eu acredito em enormes e ENORMES avanços e qualidades, mas eu não a considero o supra-sumo-da-gostosidade. (Gente, Froyd NÃO EXPLICA!) Mesmo. Talvez seja um pensamento estranho para uma pessoa tão intimamente ligada a esse processo - não apenas pela família, mas também pelo fato de eu fazer terapia desde os 11 anos de idade -, mas eu não me surpreendo, francamente. Eu vejo muito bem os benefícios da psicoterapia, mas, como uma legítima cobaia, também não me vejo afetada da maneira como gostaria... mas para falar a verdade, eu também não conto tudo que eu gostaria ou que eu tenho em mente nas minhas sessões.

Quem me conhece sabe que eu não suporto falar de psicologia. Eu venho por meio desse post - muito breve, aliás - tentar reconciliar-me com todos os pobres coitados que já tentaram conversar comigo em vão sobre esse assunto: me desculpem. Me desculpem mesmo, mas eu pura e simplesmente não consigo suportar esse assunto nas minhas mesas de bar, almoço e encontros casuais, pois eu tenho de aguentá-lo em todas as mesas de bar, almoços e encontros casuais desde que eu me entendo por gente e sou levada a esses lugares pelos meus pais. Eu tive uma overdose de psicologia quando eu tinha apenas 8 anos, vocês bem podem entender. A partir dessa overdose, eu tinha duas opções: tornar-me completamente adicta, tornar-me a perfeita psicologa do mundo, formada sabe-se-lá-onde os psicólogos se formam e ser feliz ouvindo as pessoas, por mais problemáticas que fossem.... ou tornar-me não uma cética, mas uma pessoa que simplesmente tem aversão ao assunto. Obviamente, tomei o segundo caminho. Quantas vezes eu não ouvi "Eu tenho certeza que você vai se tornar psicóloga.". Vã esperança dos pobres coitados, meu senhor. Perdoe-os, eles não sabem o que dizem. Quem me conhece sabe da minha aversão e entende o quão absurdas essas sílabas parecem aos meus ouvidos.

Eu acredito muito no poder da psicoterapia. Ela não é mágica, não cura ou Serial Killer ou emagrece o Jô. Ela ajuda pessoas que querem ajuda - mesmo que inconscientemente - e eu sou muito grata a ela por isso... desde que não me façam falar sobre ela ou sobre como funciona. Cheers!

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